Por Luiza Antunes Postado em 18-09-2019 | Atualizado em 08-02-2022

“Um restaurador de arte não pinta por cima e sim usa da ciência para reintegrar as cores de uma pintura”, explicou Ana Mota, especialista em restauração de arte do Museu de Lamas, no norte de Portugal. Apaixonada pelo trabalho, ela fez questão de explicar que se considera uma cientista no mundo das artes: uma formação que exige anos de estudos e que inclui conhecimentos de belas artes, história, química e outras competências.

“O restauro de uma obra de arte nunca acrescenta nada do ponto de vista artístico. O objetivo da restauração não é fazer com que a obra fique nova. A restauração entra para mostrar a obra como foi criada pelo artista, no tempo em que foi feita”.

Vou mencionar um trecho final de um texto que achei bem relevante.

O texto com o título “Lacunas da Obra de Arte” de Isabel Cristina Nóbrega

Considerações Finais

Os códigos mundiais de ética referente à conservação-restauração de obras de arte recomendam que no tratamento das perdas não se modifique o original existente, para que a obra não seja alterada. Como mencionado anteriormente neste resumo, a reintegração da lacuna da obra de arte é um tema bastante polêmico, pois muito estudiosos da área consideram que certas técnicas podem sugerir falsificação da peça. Refazer uma lacuna ou parte faltante supondo o que estaria pintado ou esculpido seria, para eles adulteração da obra. No entanto, a técnica ilusionista, que refaz a parte perdida, é largamente utilizada em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Para alguns estudiosos, essa técnica seria um retrocesso na história da conservação-restauração dos bens culturais.

Para muitos conservadores-restauradores a técnica ilusionista pode ser empregada em obras de arte sacras que ainda cumpram a sua função religiosa, desde que a restauração seja documentada anteriormente ao tratamento e os materiais utilizados reversíveis. Esses profissionais explicam que tais peças não são apenas obras de arte, mas também objetos religiosos, e que as igrejas nas quais elas se encontram servem a uma comunidade, que não só as venera, como preserva. Podemos tomar como exemplo as inúmeras igrejas das cidades históricas de Minas Gerais e de tantos outros lugares do Brasil. Seja a técnica ilusionista para a reintegração das lacunas ou partes faltantes da obra de arte é utilizada em vários centros de restauração respeitados do mundo inteiro, seria então o caso de rever os códigos de ética? Mesmo polêmico, o estudo da restauração estética avança, permitindo-nos, com uma ou com outra técnica, uma melhor fruição da obra de arte.

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